Uma história de amor

“Grandfathers are just antique little boys”.  ~ Autor desconhecido

Hoje, estou aqui pra contar uma linda história de amor que começou há pouco mais de quatro anos. Mais exatamente, em setembro de 2007, quando descobri que estava grávida do Theo.

Mas essa não é uma história de amor entre mãe e filho, daquelas que você, provavelmente, já leu inúmeras. É, ao invés disso, um lindo conto sobre o amor sobre um avô e seu netinho.

Theo tem duas avós e dois avôs maravilhosos, que ele ama muito. Mas essa história, em particular, é sobre o vovô Wilson.

Todos que conhecem o meu pai sabem que o maior sonho da vida dele era ser avô. Até quando eu e minha irmã éramos solteiras, de vez em quando, ele vinha com uma piadinha de leve: “e aí? Quando é que vocês vão me arrumar um netinho?”. A resposta era a de praxe: “pai, fazer netinho é fácil. Mas eu quero, primeiro, uma família, né?!”.

E o tempo passou. E eu me casei. E logo engravidei. Esse senhor, no alto dos seus 67 anos, parecia uma criança de tanta felicidade. Contava as semanas de gravidez com mais ansiedade que eu, a barriguda. E vibrava de felicidade com cada imagem de ultrassom que eu enviava por email.

Até que chegou o dia do nascimento. E essas duas pessoas, finalmente, se conheceram.

Vovô Wilson pega Theo pela primeira vez

Posso dizer, sem medo de errar, que meu pai não se sentia assim desde que o caçulinha lá de casa nasceu. E, a partir daí, começou a incrível ligação – linda e meio inexplicável – de Wilson e Theo. Talvez, no fundo, o Theo saiba o quanto foi esperado por esse vovô.

Essa relação foi construída entre idas e vindas – nossas para Belo Horizonte e dos meus pais para São Paulo. E é daí que vem a parte mais bonita: crianças pequenas não tem, assim, uma memória tão boa. Mas Theo NUNCA pareceu se esquecer do meu pai. Mesmo quando o autismo se tornou mais evidente, e Theo passou a estranhar até as pessoas mais próximas, isso nunca afetou sua relação com o vovô Wilson. Sempre o recebeu com o maior sorriso do mundo.

Bagunça no tanque

A alegria dos dois

Dizem, por aí, que ser avô é amar dobrado. Mesmo na dor, na dificuldade. E esses dois já passaram por isso também, não é mesmo?! Esse vovô também achava que ia fazer uma viagem à Itália e aterrissou na Holanda. Mas o amor e a aceitação pelas tulipas e moinhos de vento vieram mais rápido do que qualquer um de nós poderia imaginar. E foi com o coração lotado de amor por esse menininho que ele me disse, ao telefone, quando lhe contei do diagnóstico: “filha, Theo é lindo, é perfeito, é carinhoso, é inteligente. Nós o amamos demais. E isso não vai mudar nunca. Estamos aqui pro que vocês precisarem”.

O companheiro do vovô

Leandro costuma dizer que, juntos, meu pai e Theo parecem duas crianças. E eu acho exatamente isso! E como é bom poder assistir a essa interação tão diferente que eles tem! Segunda, depois do almoço, comecei a ouvir uma risaiada daquelas no quarto de visitas. Cheguei lá e me deparei com os dois, deitados na cama, cochichando e morrendo de rir. Ainda bem que deu tempo de gravar um pouco:

E a brincadeira no sofá? Mais risadas gostosas com um abraço muito doce no final, para fechar uma semana de visita muito especial.

É por essas e outras que dizem que amor não se explica, se sente. E o Theo ama esse vovô, mesmo sem saber dizer isso (ainda). Ele demonstra esse amor em cada sorriso, cada abraço e cada carinho que faz. E tenho certeza de que o vovô Wilson sente.

E é por isso que vou deixando tudo registrado aqui. Porque, daqui a uns 50 anos, quando nenhum de nós estiver mais aqui, o Theo poderá olhar pra esse texto, essas fotos e vídeos e pensar: que vovô querido eu tinha!

Vendo dvd abraçado à careca do vovô

E, quanto a mim, encerro dizendo que tenho um pai maravilhoso, que já teve mais cabelo, é verdade (a foto abaixo mostra isso). 🙂

Mas que eu amo muito…e que o Theo, provavelmente, ama ainda mais!

Nos anos 70...

43 thoughts on “Uma história de amor

  1. Também, com um neto lindo e carinhoso desse, que avô não fica babado?
    Minha amiga, você tem uma família maravilhosa! Amo demais todos vocês e tenho saudades dos tempos que frequentava sua casa (faz tempo!…) e convivia com sua família. Posso dizer que seu pai é mesmo tudo isso, porque tem coisas que o tempo não muda.
    Esses vídeos e fotos são maravilhosos!
    Beijos

  2. Déa, o nosso pai é o cara mais legal do mundo!!!!! Somos privilegiados, nós quatro, por tê-lo como pai – e o Theo e a Aninha, por terem esse vovô. Fiquei muito emocionada e feliz com esta homenagem. Ele merece. Pai, eu também te amo demais!!!!

  3. Déa, lindas as fotos, lindo o texto. É muito emocionante falar do nosso pai e lembrar de como fomos criados com tanto amor. A homenagem é mais do que justa. Papai tem o maior coração desse mundo. Não é a toa que a Ana o chama de ‘Vovô Querido’ hehehehe

    Pai, amamos você.

  4. Terminei de ler essa linda história de amor chorando…. nao tinha como ser diferente! Como mae, achei que era a única a pedir um netinho sem ainda casar os filhos….. rs. Mas agora descobri um pai que pedia netinhos. E eles vieram. No caso do vovó Wilson – de uma maneira bem tradcional – no meu caso, totalmente fora do contexto e dois de uma vez. Mas costumo dizer que se fosse somente um nao seria tao bom quando dois. É simplesmente maravilhoso ser avó,

  5. Nossa Andrea que historia linda parabens por ter um pai tão aberto, feliz e carinhoso…fiquei aqui olhando as fotos e imaginando…o Theo é sortudo assim como o teu pai…ambos se amam.

    Beijos no teu pai, no Theo e em vc.

  6. Andréa, lindo texto, vc tem o dom da escrita. Quem dera que a minha família se parecesse um pouquinho com a sua. Aqui as coisas são tensas, não posso nem tocar no assunto com meu pai. Posso pegar vô Wilson emprestado p Lucas?
    Bjo

  7. Adorei a homenagem!!!!
    Meu Pai não teve filhos homens, apenas duas meninas, então realizou todos os sonhos de pai com o meu Gui. Coitado hj trabalha duas noites por semana, mas mesmo chegando de manhã cansado, o Gui o espera de boné para juntos irem a padaria buscar pão…. E o vovô babão, claro, mesmo sem dormir, faz a vontade do neto… Acaba dormindo somente a tarde, na hora que o Gui dá sua cochilada da tarde.
    Mas avós são isso mesmo… Pais e mães ao quadrado… (e segundo a minha mãe, sem a obrigação de educar) Ou seja, pra “estragar” mesmo, de tanto amor…
    beijos

  8. Depois de ler esse texto todo,morrendo de chorar,me lembrando do meu pai que não teve tempo de ser avô,eu só tenho algo a dizer: o que seria de nós se não existisse a família,que chora junto,ri junto,e festeja cada conquista como se fosse um troféu,e será que não é?

  9. Oi Andréa!
    Aqui é a Fabrícia, a tutora do Theo no Habitat.
    Amei todos os post, pude matar um pouquinho a saudade que sinto desse garotinho que eu amo tanto.
    Pensei que não teria mas notícias dele, fiquei muito feliz quando a Fabi me passou o blog, procurei tudo sobre ele, nem vi a hora passar e foi muito gostoso vê-lo nas fotos e vídeos. Amei cada comentário e post feito por você. Sabia que ele era muito querido, pois é impossível uma coisinha tão charmosa como ele não conquistar o coração de alguém.
    Sinto muita saudade do seu abraço gostoso, espero mas notícias ansiosa.
    abraços!!

    • Oi, Fabrícia! Que bom que você viu o blog!
      Fiquei muito emocionada com a cartinha que você mandou pra ele no último dia de aula. Está guardadinha lá em casa! Olha, não é da boca pra fora: se você quiser dar uma passadinha lá em casa após a aula, vamos adorar te receber! Não quero que você morra de saudades, não!! 🙂

      Um beijo

      • Obrigada pelo convite. Preciso planejar, por enquanto estou um pouco apertada com o tempo. Mas assim que puder entrarei em contato o mais rapido possível, não vejo a hora de poder dar um abraço bem apertado nele.
        bjs!!

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